O debate sobre o uso de câmeras corporais em policiais militares e civis tem ganhado força em todo o Brasil. Estados como São Paulo já adotaram a tecnologia e relatam queda nas denúncias de abuso policial, aumento da transparência e redução na letalidade em operações. Mas, afinal, quanto custaria para os cofres públicos do Amapá implementar esse sistema — e seria essa uma prioridade no atual cenário da segurança pública local?
O custo da tecnologia
De acordo com contratos já firmados em outros estados, cada câmera corporal custa entre R$ 2.500 e R$ 4.000, dependendo do modelo e das funcionalidades (gravação contínua, transmissão em tempo real, armazenamento em nuvem, etc.). Além disso, há o custo com servidores de armazenamento de dados, manutenção, treinamento e eventual ampliação do sistema.
Para um cálculo básico:
Estima-se que o Amapá tenha cerca de 3.000 policiais na ativa (entre militares e civis).
Só para equipar todos com câmeras, seriam necessários aproximadamente R$ 9 milhões (considerando o preço médio de R$ 3.000 por câmera).
Acrescentando os custos anuais de operação e manutenção, o valor pode superar R$ 12 milhões no primeiro ano.
É prioridade?
Esse investimento precisa ser comparado a outras necessidades urgentes da segurança pública no estado. Por exemplo:
Renovação da frota de viaturas, muitas em condições precárias.
Melhorias salariais e benefícios para os policiais.
Ampliação do efetivo, já que muitos batalhões e delegacias operam com número reduzido de agentes.
Modernização de delegacias, que enfrentam falta de materiais básicos.
Para alguns especialistas, investir em câmeras antes de resolver esses gargalos seria “passar o carro na frente dos bois”. A tecnologia pode ajudar, sim, mas não resolve problemas estruturais, como a baixa capacidade de investigação, a falta de inteligência policial e a carência de policiamento ostensivo nas ruas.
Reflexão final
Em um estado com limitações orçamentárias como o Amapá, cada centavo investido precisa ser cuidadosamente planejado. Será que, neste momento, o investimento em câmeras corporais é o mais urgente? Ou seria mais prudente destinar recursos primeiro para reforçar a base da segurança pública?
A sociedade amapaense e os gestores públicos precisam debater juntos: transparência e modernização são fundamentais, mas sem esquecer que tecnologia sozinha não faz milagres.
Estimativa de custo das câmeras corporais: baseada em contratos públicos já firmados em estados como São Paulo e Santa Catarina, disponíveis em fontes como o Portal da Transparência e reportagens do G1 e UOL.
Número aproximado de policiais no Amapá: extraído de relatórios públicos das secretarias estaduais e dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Exemplos de resultados em outros estados: reportagens publicadas no G1, Folha de S. Paulo e Agência Brasil, destacando os efeitos do uso das câmeras em São Paulo.
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