O estado do Amapá pode estar na mira de um objeto espacial que orbita a Terra há mais de 50 anos. Trata-se do módulo de aterrissagem da sonda soviética Kosmos 482, lançada em 31 de março de 1972 com o objetivo de explorar Vênus. Um erro técnico no lançamento impediu que a nave escapasse da órbita terrestre, condenando-a a uma longa espera pela reentrada atmosférica — que, segundo previsões atualizadas, deve ocorrer entre os dias 9 e 10 de maio de 2025.
Com cerca de 495 kg, o módulo da Kosmos 482 é extremamente resistente, projetado para suportar pressões atmosféricas e acelerações extremas. Por isso, especialistas afirmam que ele pode atravessar a atmosfera e atingir o solo praticamente intacto. Embora ainda não haja uma confirmação oficial sobre o ponto exato de impacto, análises preliminares indicam que a faixa de risco pode incluir áreas do interior do Amapá.
O alerta mobiliza autoridades e especialistas, já que a região amazônica, com sua vasta cobertura florestal e baixa densidade populacional, pode oferecer um "alvo" silencioso para esse tipo de ocorrência. “É um evento raro, mas não inédito. Já tivemos registros de fragmentos de satélites caindo no Brasil, inclusive com avistamentos de bolas de fogo no céu”, comenta o astrofísico Daniel Pires, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O Amapá, por estar localizado próximo ao Equador, ocupa posição estratégica nas rotas orbitais e já é considerado relevante no cenário aeroespacial brasileiro. Embora o Centro de Lançamento de Alcântara esteja localizado no vizinho Maranhão, a área de influência orbital se estende pela região Norte, o que inclui parte do território amapaense.
Ainda que a possibilidade de impacto seja considerada remota, as autoridades de defesa civil e o governo estadual acompanham as informações fornecidas por órgãos internacionais, como a NASA e a Roscosmos (agência espacial russa), além do acompanhamento técnico por parte da Agência Espacial Brasileira (AEB).
A orientação, até o momento, é de que a população não entre em pânico, mas permaneça atenta a comunicados oficiais. Caso o módulo da Kosmos 482 caia em território brasileiro, especialistas já indicam a importância de isolar a área para análise técnica, uma vez que materiais espaciais podem conter substâncias perigosas ou equipamentos sensíveis.
O Brasil já presenciou eventos semelhantes. Em 2022, fragmentos de um satélite espião russo caíram sobre o Sul do país e foram amplamente registrados em vídeos por moradores locais. A situação serviu de alerta para o monitoramento de lixo espacial e suas possíveis consequências.
O destino final da Kosmos 482 permanece incerto, mas o mundo — e especialmente os moradores do Amapá — acompanharão os próximos dias com os olhos voltados para o céu.
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